"Em cada momento histórico existe
uma ortodoxia, um conjunto de ideias que todos partem do princípio que as pessoas como deve ser aceitam sem pestanejar(...).Qualquer pessoa que desafie a ortodoxia dominante dá por si silenciado com espantosa eficácia. Uma opinião genuinamente impopular quase nunca tem direito a exprimir-se com equidade, seja na imprensa popular, seja nas publicações mais eruditas.(...)
O que está aqui em jogo é uma questão muito simples: será que todas as opiniões, mesmo as mais impopulares-ou até mais tolas- têm direito de fazer-se ouvir? Posta a questão neste termos, quase todos os intelectuais ingleses não hesitam em responder que "sim". Mas se lhe dermos uma formulação concreta "Então e um ataque a Estaline?Também deve ser permitido?", a resposta, na maioria dos casos, será "não". Neste caso, ante um desafio à ortodoxia vigente, o princípio da liberdade de expressão é posto de parte. Pois bem, quase se exige liberdade de expressão e de imprensa, isso não equivale a exigir liberdade absoluta. Tem sempre de existir, ou existirá sempre, em última análise, um certo grau de censura, enquanto existirem sociedades organizadas. Mas a liberdade, tal como disse Rosa Luxemburgo, é a "liberdade do outro". O mesmo princípio transparece na famosa frase de Voltaire: "Abomino o que dizes, mas lutarei até à morte para que tenhas direito de dizê-lo". Na sua essência, a liberdade intelectual, que sem dúvida, tem sido um dos traços marcantes da civilização Ocidental, significa que toda a gente tem o direito de dizer e publicar o que julga ser verdade, desde que não prejudique o resto da comunidade de forma absolutamente inequívoca(...)A tolerância e o decoro estão profundamente enraizados...mas não são indestrutíveis, e, em parte é preciso mantê-los vivos por meio de um esforço consciente. O resultado da defesa de doutrinas totalitárias é o enfraquecimento do instinto que avisa os povos livres em relação ao que é ou não perigoso.(...)Trocar uma ortodoxia por outra não é necessariamente progresso. O inimigo é o cérebro do gramofone, quer concordemos ou não com o disco que está a tocar naquele momento "
in Prefácio (que Orwell tencionava incluir) em A Quinta dos Animais-
"Animal Farm" de George Orwell
Em relação ao livro em si, trata-se de um livro muito bonito, e muito original. Bastante simples de ler, mas com uma mensagem bastante forte e facilmente compreensível. Recomendo a leitura para quem goste de compreender um pouco melhor, uma parte do lado sociológico do mundo em que vivemos.
"Todos os animais são iguais
Mas alguns são mais iguais
Do que outros"
Boa noite, e bons dias de chuva e frio. :)
Gustavo