sábado, maio 09, 2009

Energy WEEK-Sustentabilidade em Portugal


O Encontro Mundial de Jovens Universitários sobre a temática das Energias Renováveis de Portugal que decorreu entre dia 6 e 12 de Abril de 2009, a meu ver, foi um sucesso.


E foi um sucesso porque? Juntaram-se mentes pré-adultas, dinâmicas e heterogéneas dos “quatro cantos do planeta” a discutir uma temática que muito interesse tem ao país mas também ao mundo em geral. Trocamos experiências, trocamos conhecimento. Tentou dar a se conhecer na área das Energias renováveis (num curto espaço de tempo) o que de melhor e mais grandioso se tem feito no nosso país. Chamou-se à atenção, mais uma vez, para o problema do Efeito de Estufa e para o problema energético de Portugal, problema esse que outros países também enfrentam. Criámos ligações importantes com indivíduos verdadeiramente interessantes, activos, importados e empreendedores.


Como Português fiquei orgulhoso ao ver tanto trabalho em desenvolvimento, tanto capital e energia humana direccionada para uma tecnologia mais limpa, mais avançada. Estamos em acção para algo que verdadeiramente importa. Vejo no futuro algo ainda mais grandioso. Uma área que pode dar emprego a muitos portugueses e lançar o país para o alto mar do sucesso! Não podemos continuar a persistir nas nossas áreas tradicionais, porque hoje deixamos de ser competitivos em muitas delas.

Para problemas globais, exigem-se soluções complexas mas também globais. Portugal sozinho não conseguirá mudar o mundo. Podemos tentar ser o capitão nesta nova cruzada em busca da salvação do planeta, mas precisamos do resto da sua equipa. Esta Energy Week foi também uma forma de contactar a equipa. Espero realmente que continue no futuro, e que este tema continue a estar na agenda do nosso Governo. O Estado cria a regulação para fomentar investimento, mas tem de partir de nós investirmos nesta área.

Como disse, e bem, o ministro da Economia e Inovação Manuel Pinho “não podemos ser bons em tudo”, temos de escolher. Já Michael Porter na década de 90 ao serviço do governo nos tinha alertado para desenvolvermos somente alguns nichos.

Aqui estamos nós. Portugal escolheu investir na área das renováveis. Estamos em Acção. É preciso sinalizar acção. Esta Energy Week foi também uma forma de o fazer. Precisamos que os Portugueses sintam que precisam de mudar.

Tinha e reforcei a minha consciência da correlação positiva fortíssima entre detenção de energia e crescimento. Sem energia não pode haver crescimento. Crescimento económico esse que com políticas correctas geralmente leva a desenvolvimento. Portugal é um pequeno país dependente de energia fóssil e poluidora mas rico em sol, vento, mar e algumas fontes hidráulicas. Se temos quase todos os ingredientes para termos sucesso nesta área o que nos faltava? Porque não agimos mais cedo? Faltava empenhamento? Vontade politica? Alguma tecnologia? Mudar mentalidades e comportamentos? Mas agora sinto que estamos em acção.

O nicho que se está a formar no Norte do país é realmente de saudar. Formando um nicho forte nesta área poderemos formar uma “Silicon Valley” nas Energias renováveis no nosso país. Eu sonho. A obra nascerá?

Já temos vários projectos realizados na área, mas outros terão que continuar a aparecer.

Os projectos na área das renováveis quer a nível de centrais hidráulicas, eólicas e solares que existem (e existirão cada vez mais!) no interior do país são importantes também para revitalizar as suas micro economias. Não só são bons para o sistema eléctrico nacional reduzindo a nossa dependência nas energias fósseis, como o podem ser para garantir mais equidade social nessas zonas, e contrariar a evasão das populações jovens e formadas do interior do país.

Precisamos continuar a investir em I&D, para podermos tornar estas energias ainda mais eficientes e competitivas. Juntar cada vez mais o conhecimento universitário ao mundo empresarial. É um percurso de falhanços e vitórias, mas que os falhanços não sirvam para nos desmotivar, mas para nos tornar mais sabedores.

É preciso também continuar a dar estabilidade ao mercado para que novos investimentos surjam. E essa será uma grande responsabilidade do governo. Mas, além disso, é preciso que envolvamos cada vez mais os portugueses a nível de formação nas energias renováveis. Aparecerem mais e melhores cursos na área das Energias Renováveis, quer a nível de gestão, que a nível de engenharias é neste momento uma necessidade, a meu ver, não ainda colmatada.

Sermos detentores de know how numa área como esta é verdadeiramente importante, mais crucial ainda quando enfrentamos um problema global como o são o efeito de estufa e as oscilações constantes no preço do petróleo.

Todos os mercados têm uma Oferta e uma Procura.

Muito se tem feito do lado da oferta de novas energias renováveis, mas só trabalhar e investir na produção de energias renováveis não será suficiente para ganharmos o desafio de diminuirmos abismalmente as nossas emissões de Co2. Há que mudar comportamentos dos consumidores ao nível da Procura/Consumo de energia. Como? Primeiro chamando a atenção para o problema e fazendo as populações diminuir consumos. Como? Através de sistemas e utensílios mais eficientes mas também de introduções de algumas soluções criativas. Difícil? Talvez. Possível. Sim. É preciso criatividade, desejo de mudar e acção. Existem muitos projectos e ideias bem conhecidas que podiam ser introduzidas e que no mínimo revolucionariam o sistema. Bastante se tem feito (exemplo do programa das lâmpadas de consumo reduzido), mas bastante mais se terá que fazer.

Os transportes (que são uma das maiores fontes poluidoras e consumidoras de energia) são uma parte importantíssima do problema que temos no sistema. Nesta área, nas grandes cidades, em especial na Grande Lisboa muito há a fazer. Apostar em mais transportes públicos de qualidade é uma necessidade. Não só pelo sistema energético como também pela qualidade de vida das populações. Temos de parar de sujar o local onde habitamos. Novos troços de metro devem rapidamente alastrar-se pelos subúrbios lisboetas, punindo-se o uso abusivo dos carros. Uma faixa somente para transportes públicos devia passar existir em todas as ruas das nossas cidades. Os transportes públicos têm de ser fiáveis, rápidos e seguros. Além disso, em relação às novas viaturas, viaturas mais eficientes terão de aparecer. Incentivar realmente os carros limpos e punir os “carros sujos” é uma necessidade para que isso aconteça. Alguns são objectivos de médio longo prazo, mas no “agora” se faz o futuro.

Deixemos finalmente as caravelas repousar em paz, hoje Portugal é um país de futuro.

Renovável. Puro. Inesgotável e Energético.


Publicado em: A new energy era- Renewable energy in Portugal (cd)- Ministério da Economia e da Inovação


Gustavo Neves Lima- Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais – Universidade
Católica

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