quinta-feira, setembro 28, 2006

Ignoto Movimento

"A cadência, a mesma cadência.
CLick. Click. Ckick. Entediante.
Os sons. Os movimentos da comunicação. Algúem lá ao fundo...ouço-o. Ele fala, discursa.

Já não o ouço... ouço somente o ritmo... ... ... saí daqui...Voltarei?... ... ... ... ...Aagora!...esforçar-me-ei...
Fui... voltei... Suspirei... a minha atenção foi-se...
....fui....voltei...fui..."


Escrito na Palestra sobre "O estrangeiro" de Albert Camus.
Tinha lido o livro... a palestra não abundou então em novidades...
Fica aqui um pedaço deste óptimo livro... dificil de escolher um trecho, mas aqui vai...

"Todo o problema, repito-o, estava em matar o tempo. (...)
Assim, quanto mais pensava mais coisas esquecidas ia tirando da memória. Compreendi, então, que um homem que houvesse vivido um único dia poderia sem custo passar cem anos numa prisão" A. Camus

Não será isto que faremos quando morrermos? Que vem depois? Recordar?

Sento-me e observo...

Portela, 27 de Setembro de 2006
21h45min


Luzes. Janelas. Muitas. Estores brancos a tapar algumas janelas. Outras abertas. Pessoas. Pessoas lá dentro. Vidas. Vidas diferentes. Felizes? Carros lá em baixo, nós cá em cima. Vozes de pessoas, alguns cães ladrando.

Desliguei o candeeiro.

Toda a luz que me retirava a atenção para o exterior foi eliminada. Observo. Quem são vós? Estamos tão perto, mas tão afastados... acendo a luz e escrevo.

Na maior parte das casas as luzes estão apagadas, como/e os estores estão fechados, os prédios parecem seres sem vida, inanimados...

Um avião ao longe..nuvens, um céu escuro mas iluminado por uma poluição visual que fez esquecer as estrelas como também a nossa ingóbil e pequena existência neste mundo.

Luzes acendem-se. Apagam-se. Pessoas andam pelas casas, mudam de divisão, projectam algo, andam, movem-se, pensam.... Noutras janelas somente as cortinas escondem as realidades, as luzes por detrás não se perdem completamente... é como dissessem: "não tenhas medo, não fugi, estou aqui, não me escondi ou nem me refugiei bem longe, sossega".

Suspiro. Sossego. Tento-o. Amanhã é outro dia. Hoje foi hoje e amanhã é amanhã...

"É assim porque é"...

Gustavo Neves Lima

Penso e mexo-me, nesta madrugada, até me esgotar!

27/28 de Setembro
Portela


Batem as cinco da manhã. A minha cabeça parece que vai rebentar.

Pensamentos fluem. Não páram. Ideias. Questões. Respostas assentam umas por cima de outras. Falo comigo próprio. Planeio. Sonho um bocadinho. Penso no que tenho de fazer, escrevo, anoto. Uma velocidade de respostas e perguntas torna-se inconstante no meu cérebro, vem por vagas!

Sinto-me cansado.

Ansioso.

Preciso de me organizar. Preciso tempo. Tenho sono mas ao mesmo tempo não me parece que consiga dormir... adormecer...estou numa daquelas noites em que me quero salvar de mim, aos meus amigos e ao mundo! Preciso descansar. Estou cansado. Preciso de repouso.

Amanhã é um dia novo...
"Bom dia! Sorria!"

quarta-feira, setembro 20, 2006

Honra...

Estive a ver ontem um filme, e pensei que, sem dúvida os filmes que mais me atraiam habitualmente tinham a ver com a temática da honra e do orgulho..

De onde vem a honra? Somos animais... onde encaixo isso com o nosso passado ?
Perder um tempinho a pensar nisso... por agora fica a pergunta... a mim próprio...aos que me rodeiam..
;)

segunda-feira, setembro 18, 2006

E muito boa semana...

Desejando uma boa semana, a mim e a todos. Um sorriso, um olá bem disposto, uma pequena conversa podem fazer o dia de alguém bem melhor, não acham?
Então boa semana, de preferência, bem disposta !

:)

Gustavo Lima

terça-feira, setembro 12, 2006

Coragem...

Ser diferente... ter pensamentos diferentes, agir de forma diferente. Inovar. Olhar o mundo de outra forma. Não ter medo. Fazer coisas novas. Fazer as coisas de forma diferente. Tentar melhorar continuamente. Ir além... heis o caminho que me foi sendo apresentado.
É preciso coragem.

"Ser o ponto cor-de-rosa num mundo amarelo"
...mas como diz o dono da Apple
"courage is a very lonely place"
Será que consigo?
Bom dia e Boa semana!

segunda-feira, setembro 11, 2006

São pequenas coisas, que se tornam grandes...

São pequenas migalhas na vida que estragam um pão todo (Felizmente existem várias fornadas!). Farinha estragada, ou até água que foi tratada com muita lixívia, ou sal insonso, açucar pouco doce, fermento feito fora da sua maturidade... o pão até parece bonito, mas pode saber mal. Ou então até sabe bem, mas faz mal... faz mal à barriga... demora a digestão.
De volta a Lisboa, de volta À minha vida, que agora é aqui e não é em outro sítio... o espaço físico é claro, porque o outro espaço será sempre meu, esteja eu onde estiver. Aqui, ali, ou acolá.
Boa semana! E bom pão. Bons pães, boas fornadas...
Gustavo

terça-feira, setembro 05, 2006

Anunciando o início de mais um ano lectivo...

Setembro aparece anunciando mais um ano lectivo.. as férias estão mesmo no fim... daqui a menos de uma semana começo... é preciso é que seja com toda a garra e determinação, algo que não tenho tido nos últimos tempos. E... o que é preciso arranjar? Um objectivo. Uma meta. Algo.


Gustavo Neves Lima

segunda-feira, setembro 04, 2006

Puff... hoje dia 3 de Setembro...

"BAM BAM... shoot! Puff. Down"

Heis o tiro... não me matou, mas doeu. Caramba...Sangra...

domingo, setembro 03, 2006

Balada da Neve- recordando o poema que minha mãe tentava declamar ehehe...

Balada da Neve

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho…

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria…
– Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança…

E descalcinhos, doridos…
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!…

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim,
fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
– e cai no meu coração.

Augusto César Ferreira Gil (1873-1929) in Luar de Janeiro

sábado, setembro 02, 2006

O tão anunciado modo de vida...

"Carpe diem quam minimum credula postero."

Tradução: aproveite o dia; não creia no que vem depois.
Eu não consigo. Prometo que tentei este Verão, mas não conseguia. Pensar demasiado no futuro é mau, mas não pensar também é-me terrível. Porque então o momento? Só pelo prazer da acção? Só pelo consumo de mais uma data de sensações?Eu gosto de agir, sabendo que agi, saboreando o momento, e sabendo que quem sabe, poder-se-à repetir, poder arranjar um sentido no global da vida... que a acção serve para alguma coisa, que é proveitosa...
Não pensar e consumir somente o momento é-me impossível. Sentir-me-ia um consumista fútil de momentos... e isso não quero para mim. Não quero ser assim. Se não um dia tudo terá possibilidade de ter um número, ser catalogado, e então passo a contar e somar, e subtrair números... Não quero ser assim, pelo menos, de forma consciente.
Com um bocado de estoico e epicurista cá estou eu... tentando sentir... não em demasia as coisas, o suficiente e tentar ser feliz..
já agora...
"A idéia que Epicuro tinha era que para ser feliz o homem necessitava de três coisas: Liberdade, Amizade e Tempo para meditar"
Acho que tenho um bocadinho de tudo...
Por isso, e não só, sinto-me por agora feliz.
e como dizia a minha mãe...
"A felicidade não existe Gustavo, são pequenos momentos que fazem a vida especial"
Obrigado mãe.
:)

sexta-feira, setembro 01, 2006

Economia do Turismo

Deparei-me já várias vezes a pensar... qual será o impacto da introdução de portas de alúminio horriveis no turismo e na nossa cultura da ilha Terceira, Portas horríveis, descaracterizadoras do meio e não inseridas com o resto do traço arquitectónico? Como analisar os impactos na economia? No turismo, nos turistas, nas pessoas que por elas passam e as acham horrorosas?
Será que os "proveitos" prevalecem sobre os "custos" neste caso? Não deveriam as entidades camarárias regular e fiscalizar a boa estética?

Talvez ainda me meta a fazer um trabalho livre sobre isso... quem sabe... sou louco pra isso.

Será que estou a ficar consciente, ou simplesmente a ficar velho?Ou outra coisa qualquer?

Deparei-me a pensar, no tão pouco instrutiva são as noite passadas na "night"... tão pouco instrutiva é a bebida, e de tão pouco valor tudo o que se vai repetindo na noite, noite após noite, mesmo que se mude o local... os bebâdos, as conversas parvas. O dia seguinte. A ressaca. A falta de produtividade. A má disposição. O dia já a meio.

Teve a sua piada. Foi aproveitado. Continuo a gostar mesmo sabendo que pouco se aprende... divertimento por divertimento? Sensação de liberdade? Existem tantas outras formas de diversão, tantas formas de observar, acho que sair é bom, mas não tem de ser obrigação semanal como quase o tem sido nos últimos tempos. E se é obrigação, ou vício, fica despojado da sua essência, e passa a ser só mais um consumo. E ser consumista é ser tão vazio. Tão instável.

Bom dia!
Gustavo

..dias...que são dias...

Hoje peguei no 1º caixão de sempre, carreguei-o até bem perto da cova. Fiquei com um pequeno mal-estar na mão esquerda. Estava calor, bom tempo, não parecia dia de enterrar ninguém.Agi tentando não pensar, quer na pessoa que estava lá dentro (que estava morta), quer na morte em si. Quer em tudo o que não dizemos a quem gostamos. Quer tudo o que fazemos a toda a hora, e pode não ter sentido, por não ter sido a melhor escolha-qual é a melhor escolha?
O azul rodeava o cemitério, o verde também. Que vista. Porque precisam os mortos de uma vista assim-pensei eu? O padre perguntou, sobre o que se podia dizer daquela pessoa,agora falecida... uns disseram "era boa pessoa", "outros inteligente", eu fiquei calado. Amorfo. Numa tentativa de não sofrer ou de me desligar do mundo das pessoas e da dor. Podia ter respondio: foi uma pessoa que me fez olhar mais o céu. Mais as estrelas. Era verdade. Podia tê-lo dito. A verdade sabe bem.
Ouvi mais umas orações, que pela 1ª vez não me faziam qualquer sentido, não tinham lógica... não sentia o Deus ali. Não rezei. Não me benzi. Só observei. Observei, olhei. Os olhos tingiram sombras de lágrimas... não deixei. Venci.
Agarrei um bocado de terra, apertei-a contra a mão... "adeus". É bom despedirmo-nos de quem faz parte da nossa vida, de quem nos tocou, de quem nos ensinou alguma coisa...
Pouco depois, continuei na minha máscara... peguei em mim e abandonei o cemitério...voltando à minha vida...