Hoje peguei no 1º caixão de sempre, carreguei-o até bem perto da cova. Fiquei com um pequeno mal-estar na mão esquerda. Estava calor, bom tempo, não parecia dia de enterrar ninguém.Agi tentando não pensar, quer na pessoa que estava lá dentro (que estava morta), quer na morte em si. Quer em tudo o que não dizemos a quem gostamos. Quer tudo o que fazemos a toda a hora, e pode não ter sentido, por não ter sido a melhor escolha-qual é a melhor escolha?
O azul rodeava o cemitério, o verde também. Que vista. Porque precisam os mortos de uma vista assim-pensei eu? O padre perguntou, sobre o que se podia dizer daquela pessoa,agora falecida... uns disseram "era boa pessoa", "outros inteligente", eu fiquei calado. Amorfo. Numa tentativa de não sofrer ou de me desligar do mundo das pessoas e da dor. Podia ter respondio: foi uma pessoa que me fez olhar mais o céu. Mais as estrelas. Era verdade. Podia tê-lo dito. A verdade sabe bem.
Ouvi mais umas orações, que pela 1ª vez não me faziam qualquer sentido, não tinham lógica... não sentia o Deus ali. Não rezei. Não me benzi. Só observei. Observei, olhei. Os olhos tingiram sombras de lágrimas... não deixei. Venci.
Agarrei um bocado de terra, apertei-a contra a mão... "adeus". É bom despedirmo-nos de quem faz parte da nossa vida, de quem nos tocou, de quem nos ensinou alguma coisa...
Pouco depois, continuei na minha máscara... peguei em mim e abandonei o cemitério...voltando à minha vida...
2 comentários:
Ele há-de estar sempre contigo, nas estrelas. ;-)
houdy! desculpa estar a invadir o teu espaço, mas deparei-me com o teu blog e tomei a liberdade de ler o que escreveste. Gostei bastante, escreves bem :)
Estou a comentar este post porque eu ja perdi alguém... a pessoa mais importante da minha vida. Percebo mais ou menos o sentimento...
Sim... sai-se do cemitério, a vida continua, mas não volta a ser a mesma...
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