sexta-feira, outubro 26, 2007

Unde estás professõre?

Sentei-me. Olhei-me por dentro como um mancebo imberbe e rebelde, mas não o suficiente, nem tanto da forma mais inteligente, como alguém inerte, por momentos, sem segurança, sem liberdade na alma. Ciente. Não saciado.

Preposição fantástica. Sem. Com?

Pensava no que estava a pensar. Pensava Comigo. Analisava o meu próprio pensamento na procura de mais fundo. Era eu entidade isolada. Eram os outros o redor. Outras cabeças fulminantes! Raios de energia pura em construções dedutivas e indutivas. Em conjuntivos misteriosos. Em criação. Em expansão. Em catarse. Em contíguo. Em contracção.

“Do que não se sabe não se pode falar, sobre isso deve-se manter silêncio”- Wittgenstein.

Aprender a questionar o que não se sabe. Fazer perguntas? Atingir respostas. Fazer as perguntas certas. Evitar as erradas.

Evitar as respostas erradas (as que não se querem ouvir, as que não se devem dizer, as que o tempo não aceita, as que ninguém compreenderia, as anti-sociais, as anti-culturais? As matematicamente erradas?

Abrir horizontes. Ironia, ou não, acho que isso é a vida. E depois uma coisa segue a outra e amontoa-se uma em cima da outra, como uma espécie de um quarto semi-arrumado.

Saber perguntar e responder. Saber perguntar outra vez e responder. Querer perguntar. E outra, e outra, e outra vez. Responder, no sentido de “dar resposta a”. A nós ou ao desejado pelos outro. Ouvido ou accionado por conjuntos de átomos verdadeiramente concentrados Não por mera rotina a que o corpo se habitua à vida e ao ar, mas no sentido de criação de mais energia, que um dia queremos “passar a outros” sobre alguma forma ou algum nome.

Temas, discussões? Novos caminhos. Tanta saudade tenho eu do tempo em que o meu cérebro as enfatizava, e de forma bárbara se debatia para encontrar uma solução. Esqueci-me do que é isso, e não foi na minha actual instituição de ensino que me voltei a recordar. Nem em conversas sociais. Tão cheias do valor mais importante que temos mas não de perguntas.

Porque já não consigo, ou porque não estou motivado?

O tempo passa…e parece que quase escasseia. E eu tenho medo. Tenho tanto medo de envelhecer. Assim não.

Falta o amor. O amor ao estudado. Amar, discutindo porque se ama. Ou como se ama. Ou como se poderia amar de outra forma. Ou que outras formas existiam para amar. Qual a mais correcta? Qual a outra possibilidade. Tudo. Desde um número. A uma discussão de uma solução. Das várias soluções. A uma emenda no tempo verbal. A uma forma sintáctica ou gramaticalmente incorrecta para o momento em questão. Na correcção, na modificação, na motivação para algo mais profundo e algo mais além.

Estar-me-ão a faltar professores? Estarei a desistir eu de ser aluno?

Sinto-me tão cansado. Preciso de ajuda. De um professor que professe, e não repita. Que não gesticule. Que crie. Que dê espaço para criar. Que apoie e me deixe pensar por mim próprio.

Bom dia!

23 de Outubro de 2007

Gustavo