segunda-feira, março 28, 2005

Finalmente chove em Lisboa... sinto-me em paz.

"Água!

Água, que não tens gosto, nem cor, nem aroma, não é possível definir-te, saboreiam-te sem te conhecer. Não és necessária à vida: tu és a vida. Enches-nos de um prazer que não se explica pelos sentidos. Contigo regressam a nós todos os poderes a que havíamos renunciado. Com a tua graça, abrem-se em nós todas as fontes secas do nosso coração.

És a riqueza que existe no mundo, e és também a mais delicada, tu, tão pura no ventre da terra. Pode-se morrer sobre uma nascente de água magnésia. Pode-se morrer a dois passos de um lago de água salgada. Pode-se morrer apesar de dois litros de orvalho que tem alguns sais em suspensão. Não aceitas qualquer mistura, não suportas qualquer alteração, és uma divindade desconfiada...

Mas difundes em nós uma felicidade infinitamente simples."


Saint-Exupery in "Terra dos Homens"
" Escrevo aqui numa folha de papel para depois fazer o post quando chegar a casa... as férias acabaram. Esta é a viagem de volta a casa, aquela viagem e altura em que se está triste por "precisar acordar" e voltar ao clima de stress..
Viajo sozinho. Observava até à poucos segundos o exterior do avião. Emana-me uma paz terrível... paz? Deve estar um frio de morte lá fora!!(mas nem tudo parece o que é, nao é?). A luz do avião pisca dando sinal da nossa existência no meio da escuridão desta noite, os novelos brancos estão debaixo de nós. Já li tudo o que me parecia minimamente legível, já me cansei de pensar o tão pouco confortável estou aqui e que tenho algum sono. Acabei observando o que me rodeava de tal inquietação. Não só observo o exterior do avião, como as pessoas, como o programa que me parece verdadeiramente desinteressante na TV do avião- que está longe e sou míope! Estou numa espécie de desespero onde o intelectual não tem descanso porque o físico não encontra forma de se aconchegar e adormecer...
As férias acabaram, tenho que estudar matemática. Depois irei debruçar-me quando "achar" tempo em temas de interesse e cogitados por mim sendo-lhes dedicados alguns momentos nestas férias... é bom viajar, abre-nos o conhecimento da realidade, e com isso uma maior versatilidade e adaptação perante os problemas na vida.
Vou tentar pedir ao corpo por agora que se adapte à cadeira e ao pouco espaço que lhe é dedicado... só de pensar os"barcos negreiros" eram forma de transporte para ir para onde acabei de vir devia fica mais satisfeito, não?
Mas a minha mente não se deixa ludibriar! As novas modernices e conceitos de conforto já não o deixam! :) "


Escrito no avião, e a foto foi mais tarde tirada quando havia ja luz suficiente para isso... o raiar do novo dia.
 Posted by Hello