segunda-feira, março 28, 2005

Finalmente chove em Lisboa... sinto-me em paz.

"Água!

Água, que não tens gosto, nem cor, nem aroma, não é possível definir-te, saboreiam-te sem te conhecer. Não és necessária à vida: tu és a vida. Enches-nos de um prazer que não se explica pelos sentidos. Contigo regressam a nós todos os poderes a que havíamos renunciado. Com a tua graça, abrem-se em nós todas as fontes secas do nosso coração.

És a riqueza que existe no mundo, e és também a mais delicada, tu, tão pura no ventre da terra. Pode-se morrer sobre uma nascente de água magnésia. Pode-se morrer a dois passos de um lago de água salgada. Pode-se morrer apesar de dois litros de orvalho que tem alguns sais em suspensão. Não aceitas qualquer mistura, não suportas qualquer alteração, és uma divindade desconfiada...

Mas difundes em nós uma felicidade infinitamente simples."


Saint-Exupery in "Terra dos Homens"

2 comentários:

Anónimo disse...

Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.

É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, bases e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.

Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.

António Gedeão

]^_^[

GNL disse...

Thanks. I liked it.